Reconhecimento facial: como funciona e exemplos

A tecnologia de reconhecimento facial está em todo lugar. 

Os aplicativos no celular agrupam fotos considerando as pessoas nelas presentes, como faz o Google Fotos. 

Empresas realizam o controle de acesso às suas dependências com a biometria facial. 

A entrada em outro país pelo aeroporto foi automatizada a partir da leitura do rosto do viajante.

Com o crescimento do uso deste sistema, cresce também a preocupação com a segurança da informação e o acesso a dados. Afinal, é possível utilizá-los sem o aceite do indivíduo? A LGPD diz que não.

Neste post, explicamos como funciona esse recurso, os exemplos de aplicações, suas vantagens e desvantagens e muito mais.

Acompanhe!

O que é reconhecimento facial?

Reconhecimento facial é uma técnica de identificação de pessoas a partir dos traços de seus rostos. Ela usa, portanto, a biometria facial para identificar a face com precisão, sem que haja confusão entre pessoas parecidas ou até gêmeas.

O sistema pode identificar indivíduos em fotos e vídeos, mas também em tempo real, como é o caso do desbloqueio de smartphones.

Veja a seguir como funciona o recurso em detalhes!

Como funciona a tecnologia de reconhecimento facial?

O funcionamento de um sistema de reconhecimento facial é baseado em softwares e algoritmos que fazem o mapeamento de padrões nos rostos dos indivíduos. Ou seja, o leitor facial identifica características exclusivas da face de uma pessoa.

Confira a seguir as etapas:

• O rosto é captado e detectado: o sistema identifica o(s) rosto(s) na imagem;
• A imagem é analisada: após a captura, a imagem do rosto é analisada. A tecnologia de reconhecimento lê a geometria da face, como distância entre os olhos, distância entre a testa e o queixo, formato da maçã do rosto, profundidade das órbitas oculares, e o contorno de orelhas, lábios e queixo. 
• A imagem é convertida em dados: as informações analógicas (o rosto) são transformadas em informações digitais (dados) baseadas nas características faciais do indivíduo. Ou seja, o rosto é transformado em uma fórmula matemática para gerar a impressão facial, que é um código numérico.
• A impressão facial é comparada para encontrar uma correspondência: por fim, a impressão facial é comparada ao banco de dados em questão, que pode ser de um órgão público ou de uma empresa. Pode existir ou não uma correspondência.

Vale pontuar, porém, que os algoritmos de reconhecimento de face têm maior precisão quando estão diante de condições ideais.

Isso envolve iluminação e posicionamento consistentes, controle de fundo e cores, características faciais desobstruídas e nítidas, além de boa qualidade da câmera e resolução de imagem.

Para entender melhor o que é e como funciona esse recurso, nada melhor do que explorarmos alguns exemplos de aplicação, certo?

Reconhecimento facial: exemplos de aplicação

O reconhecimento de rosto é uma tecnologia que vai além do desbloqueio de um smartphone, algo comum em nosso dia a dia.

Os sistemas e aplicativos de autenticação facial ajudam a resolver problemas e dificuldades de diversos setores da economia. Vejamos alguns exemplos:

Polícia

A polícia e outros órgãos de aplicação da lei utilizam a tecnologia para resolver crimes, identificar tentativas de fraudes em documentos e fazer o controle de acesso.

A partir de uma base de dados robusta, ela pode, por exemplo, impedir que torcedores de futebol banidos do estádio entrem no local.

Um relatório de 2019 da NBC aponta que o uso de sistemas e aplicativos de reconhecimento facial aumentou nos órgãos de aplicação da lei nos Estados Unidos e em outros países. 

Com base em fotos tiradas com dispositivos, os oficiais conseguem compará-las imediatamente com seu banco de dados para executar ações em relação a determinado indivíduo. 

Vale pontuar, entretanto, as críticas feitas à tecnologia, que apresenta um viés discriminatório. 

Um relatório publicado pelo Panóptico, projeto do CESeC (Centro de Estudo de Segurança e Cidadania), mostrou que 90% das prisões feitas no Brasil por meio do recurso de reconhecimento desde 2018 foram de pessoas negras. 

Localização de pessoas desaparecidas

Seguindo a mesma lógica do uso pelas autoridades policiais, pessoas desaparecidas são adicionadas a um banco de dados. Se elas forem identificadas por uma câmera em espaço público, por exemplo, a polícia será alertada.

Aeroportos e fronteiras

Aeroportos e alfândegas ao redor do mundo passaram a fazer o controle de acesso com reconhecimento facial. 

Já existem passaportes biométricos, que agilizam este controle e evitam as longas filas antes da chegada à área de embarque. 

Além da agilidade, a tecnologia é uma forma mais rebuscada de garantir a segurança.

Smartphones e aplicativos

Outro exemplo simples e conhecido de aplicação do reconhecimento de face é o desbloqueio de smartphones e aplicativos. 

O Face ID é o aplicativo de reconhecimento do iPhone, por exemplo. 

Ele constrói uma base de dados sucinta, apenas com as características do rosto do usuário cadastrado. Se uma pessoa sem cadastro tentar acessá-lo, não ocorre o desbloqueio do aparelho.

Reconhecimento facial do aplicativo GOV

A tecnologia também chegou ao aplicativo GOV, como uma forma de facilitar o acesso aos serviços e aumentar os níveis de segurança no sistema. 

O processo é simples: basta utilizar a câmera traseira do smartphone para fazer o reconhecimento e cadastrar o recurso. 

O sistema compara essa foto com as bases biométricas faciais disponíveis, como a do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito) para criar o cadastro.

Com essa autenticação, é possível realizar serviços como declaração de Imposto de Renda, abertura de empresas e acesso ao eSocial, por exemplo.

Controle de acesso

Instituições educacionais, empresas e outras organizações fazem o controle de acesso com reconhecimento facial.

A TOTVS, por exemplo, conta com o  TOTVS RH Clock n, que permite realizar batida de ponto online por meio da visão computacional combinada com a tecnologia de reconhecimento de face. 

Isso é possível graças à inteligência artificial, aplicada aos sistemas para garantir soluções mais eficientes e ágeis. 

Operações bancárias e pagamentos

Você sabia que, na China, existem pagamento por reconhecimento facial? O cliente pode entrar na loja, escolher os produtos desejados e sair sem passar pela fila do caixa. 

Isso porque as câmeras da loja se integram ao sistema de pagamento e identificam o cliente assim que ele entra no estabelecimento. 

Ao passar pela porta na saída, os leitores identificam os produtos e fazem o débito automático do valor na conta bancária.

Além disso, o pagamento por reconhecimento de face também está presente nas operações bancárias online. Ao invés de solicitar senhas, a plataforma ou aplicativo autoriza a transação após detectar o rosto do usuário.

Em termos de segurança, não há senha para ser roubada por hackers, o que ajuda a diminuir os crimes cibernéticos. 

Área da saúde

Aplicativos e sistemas de reconhecimento facial também estão sendo amplamente utilizados pela área de saúde para diversos fins, como:

• Obter acesso a prontuários e a registros do paciente;
• Detectar dor, emoção e doenças geneticamente específicas;
• Garantir a ingestão correta de medicamentos conforme a prescrição médica;
• Simplificar o processo de entrada de pacientes em um estabelecimento de saúde.

Setor de marketing

O setor de marketing também vem se beneficiando do uso do recurso de reconhecimento de rostos.

Uma das finalidades é monitorar tendências e comportamentos de pessoas inseridas em grupos fechados, como shoppings, estádios, igrejas e metrô.

Com isso, consegue entender sentimentos e expressões dos indivíduos e conhecer o que chama mais a atenção dos usuários. A partir dos dados coletados, a equipe pode aprimorar as experiências do consumidor.

Varejo

Para o varejo, o recurso de reconhecimento impacta, principalmente, na experiência do consumidor. 

Além de simplificar o pagamento e possibilitar o self checkout, como vimos no exemplo da China, essa tecnologia também permite a identificação do cliente assim que ele entra na loja.

Isso traz inúmeras possibilidades aos varejistas. É possível, por exemplo, oferecer indicações personalizadas de acordo com o perfil, as necessidades e preferências de compra específicas desse consumidor.

Outro grande benefício é a segurança. Com a identificação, fica mais fácil identificar suspeitos em casos de roubos na loja. 

Vantagens do reconhecimento facial

O mercado de reconhecimento de face foi estimado em cerca de US$5 bilhões de dólares em 2021. A estimativa, de acordo com a Statista, é que ele atinja US$19,3 bilhões até 2032.

Há vários motivos que podem justificar essa projeção. A seguir, pontuamos as principais:

• Integração com outras tecnologias: a tecnologia é compatível com boa parte dos softwares de segurança e pode ser facilmente integrada;
• Redução de crimes: por facilitar a identificação e o rastreio de criminosos, a mera existência de um aplicativo ou sistema de reconhecimento facial pode inibir ações ilegais;
• Maior segurança: seja em nível governamental, com a atuação policial, ou em nível pessoal, com o bloqueio de dispositivos, a tecnologia é uma importante ferramenta de segurança;
• Maior conveniência para o cliente: o pagamento de compras a partir da identificação facial já é uma possibilidade, o que diminui o tempo dos clientes no caixa e traz maior comodidade;
• Agilidade no processamento: o processo de reconhecimento é quase imediato, o que faz com que as empresas sejam ágeis em tarefas baseadas na tecnologia, como o controle de acesso. 

Desvantagens dessa tecnologia

Mesmo diante de tantos benefícios, a tecnologia apresenta falhas e desvantagens, como o viés discriminatório apontado anteriormente. Mas ele não é o único, veja:

• Violação da privacidade: aplicativos e sistemas biométricos recolhem dados a todo o momento sem autorização dos titulares. Isso configura um abuso contra a privacidade e a ética;
• Armazenamento de dados em massa: os softwares são baseados em grande volume de dados, o que demanda um armazenamento suficiente. Pequenas e médias empresas nem sempre têm recursos suficientes para isso;
• Erros na detecção: como apontado, a precisão de um leitor de reconhecimento facial depende de uma série de fatores. Por isso, os dados obtidos estão passíveis a erros, o que pode levar à detenção das pessoas erradas, por exemplo;
• Vigilância constante: o uso da tecnologia possibilita a vigilância em massa, pois está associada a câmeras de vídeo em todos os lugares, análise de dados e inteligência artificial. Isso significa que os órgãos governamentais rastreiam não só os criminosos, mas pessoas comuns que não cometeram atos ilegais.

Para compreender melhor como funciona o reconhecimento facial e sua relação com a privacidade e a ética, é importante relacionar a tecnologia com a Lei Geral de Proteção de Dados.

Reconhecimento facial e a LGPD

Desde 2018, o Brasil possui uma norma para regular o tratamento de dados pessoais. 

A LGPD trouxe um avanço significativo no assunto privacidade ao regulamentar como um órgão público ou organização deve utilizar os dados de um usuário. 

Na prática, se pensarmos em informações biométricas, ela vem para coibir seu uso indevido. Elas são categorizadas como dados pessoais sensíveis, que merecem maior proteção.

Com o advento da lei e seus princípios, o ponto central da questão é a necessidade de obter autorização para coleta e tratamento de dados por parte do titular das informações.

Por isso, fornecedores da tecnologia e empresas que a contratam devem atualizar seus processos de governança e compliance corporativo para cumprir as diretrizes estabelecidas pela LGPD.

Dessa forma, poderão utilizar os sistemas biométricos de forma correta e prezar pela proteção dos dados de seus stakeholders.

Afinal, reconhecimento facial é seguro?

Sim, os sistemas e aplicativos de reconhecimento facial são seguros, pois se tratam de métodos de identificação eficazes. Eles utilizam padrões matemáticos exclusivos para o armazenamento dos dados biométricos coletados, o que traz segurança. 

Além disso, esses dados podem ser armazenados de forma anônima e sigilosa, o que reduz o risco de acesso não autorizado. 

Esta é apenas uma tecnologia que contribui para aumentar a segurança nas organizações, especialmente no controle de acesso.

Mas há outras formas de manter seu negócio seguro, sabia?

Outras maneiras de garantir a segurança no dia a dia da sua empresa

Você já ouviu falar em política de segurança da informação? Por meio dela, uma empresa estabelece diretrizes para que o fluxo de dados no negócio esteja sempre em conformidade com a lei e protegido.

Ter processos bem definidos é fundamental para garantir a segurança no dia a dia da sua empresa. O controle de acesso, seja por sistemas biométricos ou não, é apenas uma das práticas.

Além disso, as organizações buscam soluções de cibersegurança e ferramentas que tornam sua atividade mais protegida. 

Autenticação de dois fatores ou multifatorial, firewalls, softwares, ERPs e plataformas de assinatura eletrônica são algumas delas.

Essas são tecnologias interessantes que contribuem para um negócio que preza pela privacidade dos dados e trazem outros benefícios.

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Conclusão

Os sistemas de reconhecimento facial estão sendo cada vez mais utilizados ao redor do mundo em diversos setores.

Eles possibilitam a realização de transações bancárias, o desbloqueio de dispositivos e aplicativos, a identificação de passageiros nas fronteiras e muito mais.

A tecnologia apresenta desvantagens, como o viés discriminatório na atuação das autoridades policiais, mas muitas vantagens, especialmente em relação à segurança. 

Não à toa, é uma tecnologia que já integra o dia a dia das empresas, como é o caso do controle de acesso. 

Outras ferramentas tecnológicas e processos também fazem parte das organizações com o fim de garantir a segurança e a privacidade dos dados.

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