A manutenção deixou de ser um trabalho que se resume a “apagar incêndios”. Hoje, com a aplicação da manutenção preventiva, os resultados da produção na indústria podem ser ainda melhores. Por isso, é fundamental tornar a manutenção dos equipamentos uma ferramenta que gere valor para os negócios.
Contudo, nem todo mundo sabe por onde começar ou se vale a pena investir nessa estratégia.
Para tirar dúvidas sobre o tema, vamos trazer as vantagens desse tipo de manutenção, como funciona sua aplicação, a diferença em relação a outros processos, além de compartilhar dicas valiosas para a implementação.
Acompanhe.
O que é manutenção preventiva?
A manutenção preventiva engloba todas as ações realizadas periodicamente como forma de prevenir qualquer tipo de falha ou dano nos equipamentos.
Esse tipo de revisão está previsto na NBR 5462/94, que conceitua a estratégia como uma manutenção realizada em intervalos programados ou com critérios específicos.
Além da preventiva, existem outros dois tipos de manutenção descritas nas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas): a preditiva e a corretiva.
Vamos entender a importância do processo preventivo para a conservação e para o desempenho das máquinas.
Exemplos de manutenção preventiva
Alguns exemplos da manutenção preventiva para demonstrar na prática os benefícios de aplicar esse modelo:
O processo consiste em manutenções programadas, por isso não costuma incluir aqueles reparos mais graves, como acontece na manutenção corretiva.
O foco é na identificação de possíveis falhas ou danos que podem se agravar com o passar do tempo e levar a consequências mais graves, prejudicando o desempenho da máquina.
Neste contexto, veja alguns exemplos desse tipo de manutenção:
- limpeza de componentes ou da máquina em geral;
- lubrificação de peças e partes móveis;
- troca de peças desgastadas;
- apertos de parafusos;
- pequenos ajustes.
Trazendo para processos do dia a dia, é como trocar o óleo do carro periodicamente para garantir a longevidade do motor.
Qual é o objetivo da manutenção preventiva?
O principal objetivo dessa estratégia é exatamente atuar na prevenção para evitar problemas maiores, como paradas não programadas ou acidentes.
Além de garantir a segurança de todos os profissionais, a revisão periódica também contribui para manter os níveis de produtividade da empresa.
Imagine que um pequeno dano no sistema passou batido por você na correria da rotina. O defeito foi então se agravando até causar a pane do dispositivo.
Quando uma situação como essa acontece, é preciso parar a produção para descobrir o que causou a falha e então buscar uma solução adequada.
O tempo perdido aqui já é longo, mas ainda pode ser prolongado se houver a necessidade de trocar peças ou até de substituir o maquinário, aumentando os dias de parada.
Ninguém quer ter a produtividade da indústria prejudicada dessa maneira, não é mesmo? É aí que entram as vantagens da manutenção preventiva.
Vantagens da manutenção preventiva
A manutenção preventiva pode ser compreendida como um sistema de automatização do monitoramento de equipamentos da produção.
O objetivo é deixar de lado a atuação corretiva, na qual as ações são responsivas e têm como base a ideia de remediar danos.
Na manutenção preventiva, o ideal é antecipar as falhas e evitar que elas aconteçam.
Os benefícios são muitos, a começar pelo aumento da eficiência operacional de toda a organização.
Indicadores de desempenho como o Tempo Médio entre Falhas (MTBF) e o Tempo Médio para Reparo (MTTR) tendem a cair — o que significa máquinas funcionando por mais tempo e menor quantidade de quebras.
Outro ponto a ser destacado é a significativa redução de custos que esse tipo de manutenção é capaz de promover.
Para começar, o impacto das máquinas paradas é reduzido, já que os serviços são agendados para os intervalos de produção.
Além disso, a reposição de suprimentos no estoque é mantida dentro do planejamento, ou seja, são menos peças compradas em situação de emergência.
Com a manutenção rodando no ritmo certo, as horas extras também tendem a cair, e a vida útil dos equipamentos e das máquinas é estendida, promovendo melhorias na saúde financeira da companhia.
Desvantagens da manutenção preventiva
Apesar de ter inúmeras vantagens, a manutenção industrial do tipo preventiva apresenta alguns pontos negativos que precisam ser considerados.
Um dos mais fortes é relacionado aos custos envolvidos no processo. A prevenção demanda ferramentas específicas e profissionais qualificados para realizar a avaliação.
Por isso, é fundamental fazer uma análise financeira antes de planejar as ações preventivas, levantando as despesas estimadas e considerando o orçamento da empresa.
Outro ponto de atenção é o planejamento, que quando não é bem elaborado, o plano preventivo pode ter o efeito oposto e levar a atrasos na produção ou até mesmo à redução de qualidade dos serviços.
As 4 atividades de manutenção preventiva
A análise do desempenho de equipamentos pede alguns cuidados específicos para que seja possível identificar falhas de forma antecipada, evitando assim danos maiores a longo prazo.
Neste contexto, podemos dividir a manutenção preventiva em 4 atividades principais para organizar a vistoria. Veja quais são elas:
- inspeção sensitiva: a primeira etapa é feita a partir dos sentidos (tato, olfato e visão), com o objetivo de identificar possíveis falhas e danos mais claros;
- inspeção instrumental: aqui a inspeção é mais profunda, na qual o técnico utiliza equipamentos para mensurar os parâmetros operacionais do equipamento;
- limpeza: após a inspeção, o técnico deve limpar o equipamento, lubrificando as peças móveis e reapertando os componentes;
- substituição de componentes: caso seja necessário, o profissional deve realizar a troca de peças com falhas ou desgaste pelo tempo de vida útil.
Conhecer essas etapas é fundamental para definir um plano eficiente de manutenção com foco na prevenção de falhas.
Quais são os principais tipos de falhas em equipamentos industriais?
Existem dois principais tipos de falhas em equipamentos industriais que são considerados indicativos importantes na prevenção: a funcional e a potencial.
As máquinas não param de funcionar de uma hora para outra, elas normalmente dão alguns indícios de que algo está errado no sistema.
São esses sinais que gestores e colaboradores devem estar atentos no dia a dia da fábrica. Identificá-los é um passo importante para a prevenção de danos.
Compreender os conceitos de falhas funcionais e potenciais faz parte dessa observação, e ajuda a evitar muitos problemas operacionais.
A seguir, preparamos uma explicação dos dois termos para facilitar o entendimento.
Falha funcional
A falha funcional acontece quando um equipamento não consegue atingir o seu nível máximo de desempenho.
Neste tipo de falha, a máquina segue funcionando, mas é possível identificar uma queda significativa de produtividade na execução das suas funções.
É muito comum que esses problemas estejam relacionados a erros no processo de instalação ou manutenção, assim como a operação inadequada do maquinário.
Confira alguns exemplos de falha funcional:
- rolamento quebrado;
- quebra de selo mecânico;
- perda de pressão ou vazão;
- sobrecarga que leva ao desarmamento do motor.
Se a falha não for solucionada, o agravamento do problema pode levar à pane do equipamento.
Falha potencial
A falha potencial caracteriza o início de um defeito. São aqueles sinais de que algum sistema ou peça não está funcionando normalmente.
Veja os exemplos mais comuns desse tipo de falha industrial:
- aumento na temperatura;
- alta nos níveis de vibração;
- queda na vazão ou pressão;
- elevação nos níveis de ruído do equipamento.
Este tipo de falha pode ser mais difícil de identificar, por representar um estágio mais inicial. Contudo, quando verificada, torna a manutenção muito mais simples e econômica.
Para que isso seja possível, é necessário ter uma equipe preparada para observar qualquer mudança no desempenho dos equipamentos diariamente, mesmo que mínima.
A diferença entre manutenção preditiva, preventiva e corretiva
Vimos que a manutenção preventiva é apenas um dos tipos de manutenção que existem na indústria, mas não é o único.
Existem também a manutenção preditiva e a manutenção corretiva, que têm características e objetivos diferentes. Veja a seguir:
Manutenção preditiva:
É a manutenção que utiliza técnicas e ferramentas para monitorar e analisar as condições dos equipamentos e máquinas, de forma a detectar sinais de deterioração e prever o momento ideal para realizar a intervenção.
O processo se baseia em dados e indicadores, como vibração, temperatura, pressão, ruído, entre outros.
Tem como objetivo antecipar as falhas e otimizar os recursos de manutenção, evitando intervenções desnecessárias ou tardias.
Manutenção preventiva
Neste modelo, são realizadas intervenções nos equipamentos e máquinas de forma programada, seguindo um cronograma pré-definido, que leva em conta as recomendações do fabricante, o histórico de uso e o desgaste dos componentes.
Assim, é possível prevenir as falhas e manter o desempenho dos equipamentos e máquinas, evitando paradas não planejadas e perdas de qualidade.
Manutenção corretiva
Por fim, a manutenção corretiva é a mais comum, pois é realizada após a ocorrência de uma falha ou de uma anomalia que comprometa o funcionamento ou a segurança.
São intervenções de emergência, geralmente causadas por alguma negligência nas manutenções preditivas e preventivas, ou por algum acidente inesperado.
Curva PF e manutenção preventiva: como se relacionam?
A Curva PF tem a função de traçar a previsão da queda de desempenho de um equipamento ao longo do tempo.
É literalmente uma curva, que indica o declínio das máquinas, um processo natural de qualquer sistema com o passar dos anos.
Para isso, a ferramenta considera o tempo de intervalo entre a falha potencial e a falha funcional, chamado de intervalo PF.
Na prática, ela funciona como um importante recurso de análise que serve como base para avaliar o desempenho de cada máquina de acordo com o seu tempo de uso.
Dessa forma, pode atuar como um dos indicadores de manutenção industrial e auxiliar diretamente no planejamento de manutenções preventivas.
Critérios para definir a frequência desse tipo de manutenção
Como vimos, as manutenções preventivas são periódicas, por isso é importante definir o intervalo entre uma inspeção e outra na hora de desenvolver o seu planejamento.
Não existe um padrão para todas as máquinas, o tempo varia muito de acordo com o modelo, com a capacidade operacional de cada uma e até mesmo com a rotina de cada fábrica.
Por isso, é preciso fazer uma avaliação individual de alguns fatores na hora de estabelecer a frequência para esse tipo de manutenção na sua empresa.
Listamos os 4 critérios que podem servir como base para a definição da periodicidade das manutenções. Confira quais são eles a seguir.
Recomendação do fabricante
Todos os fabricantes especificam um tempo recomendado para a realização da manutenção, portanto o primeiro passo é verificar essa orientação no manual.
Ele pode não ser o seu critério de definição, mas é sempre um fator importante a ser considerado nas revisões.
De qualquer forma, fique atento às indicações do fabricante, tanto sobre a frequência das revisões quanto sobre como ela deve ser feita na prática.
Verifique orientações sobre montagem e desmontagem das peças para inspeções, assim como limpeza e produtos que podem ou não ser utilizados.
Essa ação simples vai evitar danos nos componentes, que poderiam levar a necessidade de uma manutenção corretiva mais custosa.
Tempo de atuação do equipamento
Lembra da Curva PF? Pois é, ela é um fator importante e pode ser o critério principal a ser considerado na hora de definir o tempo entre uma manutenção e outra.
Além de indicar o nível de desempenho esperado para a máquina após aquele determinado tempo de uso, ela determina aquele intervalo entre a falha potencial e a falha funcional.
Com essa informação, você consegue programar uma manutenção dentro desse intervalo.
Ainda falando sobre tempo de atuação, é importante ir além da vida útil do equipamento e avaliar também o período de utilização da máquina no dia a dia.
Um sistema que passa 8 horas por dia funcionando tem necessidades diferentes de outro que funciona apenas 2 horas.
Neste caso, você define um total de horas trabalhadas para que a próxima manutenção seja realizada.
Volume de produção da máquina
O critério de volume de produção considera uma quantidade específica de itens que a máquina pode fabricar antes de uma manutenção.
Por exemplo, a máquina X tem capacidade para produzir 8 mil itens antes de uma inspeção ser necessária, enquanto a máquina Y pode produzir cerca de mil produtos.
Tudo isso deve ser especificado no planejamento para evitar confusões e problemas no intervalo entre as manutenções.
Combinação de critérios
Outra opção é combinar dois ou mais dos critérios citados acima. Você pode, por exemplo, considerar as orientações do fabricante e o tempo de atuação da máquina no dia a dia.
Independente da escolha, é importante deixar os parâmetros bem claros no planejamento e fazer um acompanhamento dos resultados.
Como criar um plano de manutenção preventiva?
Como falamos, a manutenção do tipo preventiva pede planejamento, mas muitos gestores têm dúvidas sobre como montar esse plano de maneira eficiente.
Desenvolver um bom plano de manutenção preventiva é fundamental para reduzir custos, otimizar o processo de revisão e garantir a qualidade do serviço.
Pensando nisso, listamos algumas dicas que vão te ajudar no momento de definir o planejamento. Confira a seguir:
- faça um levantamento de todas as máquinas em funcionamento na indústria;
- defina a frequência de manutenção para cada uma delas;
- analise os custos e defina um orçamento;
- faça um checklist de manutenção.
Além de planejar a execução, é importante pensar no monitoramento das ações preventivas para avaliar se os resultados do projeto estão sendo relevantes.
Para isso, estruture indicadores de performance de acordo com as necessidades da sua empresa.
Dicas para realizar a manutenção preventiva
Ficou claro que a manutenção preventiva é uma prática essencial para garantir a eficiência e a competitividade da sua indústria.
Agora, para sua realização na prática de forma eficaz, é preciso seguir algumas dicas, como:
1. Conte com fornecedores de confiança
Fornecedores não podem ser simplesmente uma fonte de recursos – eles devem ser parceiros da sua empresa.
Por mais eficaz que seja a sua equipe de manutenção de rotina, o atraso na entrega de peças, a variação dos preços e a má qualidade dos materiais podem quebrar totalmente o seu planejamento.
Por isso, encontre fornecedores de confiança, envolva-os nos processos de reposição de estoque e mantenha parcerias saudáveis.
2. Crie checklists
Cada empresa tem o seu foco de produção e, consequentemente, as suas demandas para a manutenção (mecânica, elétrica, de lubrificação, segurança, etc).
Evitar que o serviço se baseie no feeling dos técnicos é algo que depende de planejamento.
Então, comece estabelecendo um checklist de manutenção – ou seja, lista de checagem dos itens a serem verificados nas inspeções.
O controle desses documentos ditará o ritmo do trabalho no setor.
3. Elabore cronogramas e mapeie processos
Tão importante quanto os checklists são os cronogramas de manutenção. Afinal, não basta saber o que deve ser checado — é essencial definir prazos e reavaliar cada equipamento periodicamente.
Desse modo, todas as linhas são mantidas dentro de um ciclo de inspeção monitorado.
Por mais experientes que os responsáveis sejam pelas inspeções, é importante garantir um nível padronizado de qualidade.
Para tanto, faça um mapeamento de processos para cada checklist: defina cada item a ser verificado e crie documentos que detalham de que forma deve ser feita essa checagem.
Tecnologias TOTVS para Manufatura
Já imaginou centralizar diversas funções em um só lugar, da gestão de estoque às manutenções? Com as tecnologias TOTVS para Manufatura isso é possível!
Com elas, é possível focar no aprimoramento de processos, por meio da automatização das linhas de produção, gerenciamento de indicadores de performance e, claro, a manutenção de ativos e frotas.
Os sistemas são integrados de ponta a ponta, com soluções completas para pequenas, médias e grandes empresas.
Como você pôde ver, a manutenção preventiva já é uma realidade.
Coloque a sua empresa no caminho da Indústria 4.0 e invista nessa estratégia que pode elevar o patamar de qualidade da sua produção.
Em pouco tempo, os resultados serão evidentes!
Entre na era da Indústria 4.0 com o TOTVS Manufatura!
Conclusão
Ao longo deste conteúdo, entendemos como funciona e a importância da manutenção preventiva para a preservação de equipamentos, redução de custos e aproveitamento máximo das máquinas.
Na prática, o conceito pede um bom planejamento para definir a frequência das manutenções.
Para isso, existem alguns critérios que devem ser considerados como base na identificação do intervalo adequado entre uma inspeção e outra.
Além desses pontos, você conferiu dicas importantes para montar o seu plano de manutenção e descobriu como a tecnologia pode te ajudar no processo.
A prevenção é um investimento essencial para a produtividade da indústria, portanto busque incluir esse tipo de manutenção nas suas operações da melhor maneira possível.
Aproveite também nossas dicas sobre como organizar sua empresa para implementar os conceitos da indústria 4.0 na sua operação.
Gostou do post? Então continue acompanhando nosso blog para saber mais sobre outros temas que podem ser úteis para sua empresa!
Licia Kiss diz:
Muito bom o texto!!! Tudo na vida necessita de manutenção preventiva! Abraços
5 de dezembro de 2020 EM 21:35
Alan Amorim diz:
Olá, Licia. Obrigado pelo comentário. A convido a acompanhar o nosso blog :)
4 de janeiro de 2021 EM 11:31