O transporte de cargas perigosas, como materiais inflamáveis ou tóxicos, exige um cuidado especial para garantir a segurança dos produtos transportados e do condutor.
Para isso, existem diversas normas que devem ser seguidas nesse tipo de deslocamento. A legislação brasileira prevê documentação, sinalização e veículos específicos para cada tipo de mercadoria.
Esse cuidado é fundamental para evitar problemas, mas os processos burocráticos podem deixar algumas dúvidas entre as transportadoras.
Neste artigo, você vai entender como funciona o transporte das cargas consideradas perigosas, conhecer a classificação dos produtos, leis e ainda conferir dicas exclusivas de segurança.
Aproveite a leitura!
Afinal, o que são cargas perigosas?
Segundo previsto pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), o conceito de cargas perigosas engloba todos os produtos nocivos ao meio ambiente, à população e aos seus bens.
Na prática, mercadorias de origem biológica, química e radiológica entram para a lista de itens que se encaixam nessa categoria.
A seguir, você vai conferir os principais tipos de cargas perigosas e exemplos para entender a classificação com mais clareza.
Quais os tipos de cargas perigosas?
Os produtos dessa categoria são classificados de acordo com as suas características e nível de danos.
Cada um demanda condições de transporte diferentes, por isso é importante conhecê-los.
Veja quais as principais cargas perigosas e exemplos de produtos que se encaixam em cada tipo:
- substâncias corrosivas: ácido sulfúrico e hidróxido de sódio;
- substâncias tóxicas ou infectantes: pesticidas e cianeto;
- sólidos inflamáveis: enxofre e parafina sólida;
- materiais explosivos: pólvora e nitroglicerina;
- líquidos inflamáveis: gasolina e álcool;
- agentes oxidantes: água oxigenada;
- materiais radioativos: iodo e urânio;
- gases: gás de cozinha e cloro.
Existe ainda uma classificação para produtos que não se enquadram em nenhum dos grupos acima, como é o caso das baterias de lítio e do gelo seco, por exemplo.
Os tipos e categorias estão definidos em resoluções da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Para todas elas, é necessário tomar alguns cuidados especiais no transporte para garantir a segurança no percurso.
Como funciona o transporte de cargas perigosas?
Conhecer a classificação das cargas é o primeiro passo para entender como funciona o transporte.
A ANTT é a principal responsável por regulamentar e fiscalizar esse tipo de transporte, mas as empresas precisam estar bem preparadas para atender às normas de segurança e estabelecer uma logística otimizada.
Na prática, os processos acontecem como qualquer outro, mas tem cuidados específicos e fundamentais que você vai conhecer ao longo deste conteúdo.

O que diz a legislação sobre o transporte de cargas perigosas?
Além das resoluções da ANTT, o transporte de cargas perigosas também é regulamentado pela lei 10.233/2001, que prevê determinações específicas sobre o transporte terrestre.
A legislação define os tipos de cargas consideradas perigosas, as especificações de transporte para cada uma e ainda determinações para os condutores responsáveis pelo deslocamento.
Os veículos, por exemplo, precisam estar devidamente sinalizados para indicar a natureza da carga transportada.
Motoristas também devem fazer uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para garantir a segurança no manuseio dos produtos.
Com a resolução 5.232/16 da ANTT, a classificação das cargas sofreu algumas modificações e mais de 3 mil mercadorias foram sinalizadas como perigosas. Antes, eram apenas 90 produtos.
Os novos critérios também determinam que as mercadorias sejam embaladas e identificadas de acordo com os padrões estabelecidos.
Empresas e condutores devem estar cientes da possibilidade de fiscalização, por isso é fundamental cumprir todos os requisitos legislativos.
Além de manter o alinhamento com a justiça, o cumprimento das normas também contribui para a segurança da carga, do motorista e de outros condutores presentes nas vias.
Um panorama sobre o transporte de cargas perigosas no Brasil
Assim como a maior parte dos deslocamentos de mercadorias no Brasil, o transporte de cargas perigosas é feito, em sua maioria, no modal rodoviário.
A eficiência, o custo-benefício, a flexibilidade e a ampla cobertura desse modal é o que o torna o mais utilizado no país.
Contudo, ainda existem muitas rodovias em condições precárias, o que aumenta os índices de acidentes.
Segundo um levantamento da ABTLP (Associação Brasileira de Transporte e Logística), existe uma média de 78,25 registros de acidentes envolvendo cargas perigosas por mês.
A pesquisa mostrou que os combustíveis são os produtos com maior incidência de envolvimento nos acidentes. Dentre eles, o etanol ocupa o topo das ocorrências, com 18,1%.
Conheça os riscos de transportar materiais perigosos
O transporte de produtos perigosos exige uma série de cuidados, determinados com o objetivo de prevenir os riscos desse tipo de carga.
Conhecer esses riscos é tão importante quanto saber as normas previstas na legislação brasileira.
Um dos principais riscos são os acidentes com tombamento de carga, que podem levar à exposição de substâncias perigosas, como produtos inflamáveis ou tóxicos, por exemplo.
Além do tombamento, é preciso ficar atento aos vazamentos, que podem representar um risco não apenas para outros condutores, como também para o meio ambiente.
Muitos problemas acontecem por fatores externos, por isso também é essencial saber como proceder em casos de acidentes.
Ainda neste artigo vamos contar tudo o que você precisa fazer em uma situação como essa, mas antes vamos compartilhar algumas dicas importantes de segurança no transporte.
Como fazer o gerenciamento de risco no transporte de cargas perigosas?
Aqui estão algumas dicas sobre como gerenciar riscos ao transportar mercadorias perigosas:
- Conheça todos os regulamentos relativos ao transportes, bem como as particularidades legais de cada estado;
- Desenvolva um plano de resposta de emergência para incidentes envolvendo mercadorias perigosas;
- Cumpra os requisitos adequados de embalagem e rotulagem para mercadorias perigosas;
- Monitore regularmente as condições durante as operações de transporte e documente quaisquer alterações ou incidentes que ocorram ao longo do caminho;
- Compile manifestos precisos para remessas de cargas perigosas detalhando cada item presente nesta remessa, incluindo tipo, quantidade, localização etc.;
- Por fim, confira se todo o pessoal envolvido está adequadamente treinado em práticas seguras de manuseio ao usar equipamentos de proteção quando necessário.
Como garantir a segurança no transporte de cargas perigosas?
Existem alguns cuidados indispensáveis no transporte de produtos perigosos, como por exemplo:
- embalagem e armazenamento correto da carga;
- sinalização adequada dos veículos;
- roteirização de carga estratégica;
- uso de EPIs pelos condutores;
- treinamento dos motoristas.
Ter um bom planejamento de rotas é a base para garantir uma logística eficiente, prática e segura, principalmente quando falamos de cargas perigosas.
Acidente com carga perigosa: como proceder?
Os acidentes com carga perigosa apresentam índices mais altos no país, o que reforça ainda mais a importância dos cuidados.
Conhecer as normas para o transporte desses bens é o primeiro passo para evitar qualquer problema, mas também é importante saber como lidar com imprevistos.
No caso de um acidente com carga perigosa, existem algumas recomendações a seguir:
- sinalize aos outros motoristas sobre a natureza da carga transportada;
- avise os órgãos responsáveis;
- se o produto for líquido, procure neutralizar a substância para evitar explosões ou outro tipo de reação;
- contate a assistência médica.
Neste momento, manter a calma é fundamental e ter passado pelos treinamentos necessários faz toda a diferença.
Quais são os veículos indicados para o transporte de cargas perigosas?
Cada tipo de mercadoria demanda um meio de transporte diferente e a escolha do veículo ideal se torna ainda mais importante quando falamos de cargas perigosas.
Pensando nas necessidades específicas da categoria, listamos os principais veículos indicados para esse tipo de transporte:
- caminhão sider: bem versátil, esse veículo é comum no transporte de líquidos e gases, mas também pode levar mercadorias sólidas devidamente embaladas;
- caminhão-baú: muito utilizado para cargas que precisam de um ambiente climatizado, assim como no transporte de alguns produtos radioativos;
- bitrem: composto por dois semirreboques, é muito utilizado no deslocamento de líquidos e substâncias inflamáveis de alta estabilidade;
- rodotrem: podendo chegar a 9 eixos, esse tipo de veículo é indicado para transporte de cargas mais pesadas;
- caminhão basculante: usado no deslocamento de minerais, como o minério de ferro;
- caminhão-tanque: indicado para o transporte de líquidos inflamáveis e gases.
Além desses veículos, existe ainda a opção do caminhão porta-contêiner, que é, na verdade, uma longa plataforma com contêiner metálico em dimensão padronizada.
Essas estruturas metálicas permitem a movimentação das cargas, o que facilita os transportes multimodais – aqueles que combinam mais de um modal para realizar a locomoção.
Transporte de cargas perigosas: dúvidas frequentes
Transportar cargas perigosas têm níveis de riscos elevados, por isso seguir as determinações dos órgãos responsáveis é de extrema importância.
Contudo, sabemos que são muitos detalhes e etapas burocráticas envolvidas, por isso as dúvidas são comuns na hora de planejar e executar o transporte.
Pensando nisso, levantamos os questionamentos mais frequentes sobre o assunto e vamos compartilhar a resposta para cada um deles com você. Confira a seguir.
Quem pode transportar cargas perigosas?
Para transportar mercadorias consideradas perigosas, o condutor deve ter sido aprovado no Curso de Condutores de Veículos de Transportadores de Cargas Perigosas, o Moop.
Além disso, a idade mínima para transporte de cargas perigosas é de 21 anos. A partir dessa idade, o condutor pode iniciar o curso, desde que esteja habilitado na categoria B, C, D ou E.
Qual o horário para transporte de cargas perigosas?
Não existe um período fixo em que o transporte de cargas consideradas perigosas é permitido ou proibido, mas algumas rodovias fazem restrições.
Além de estabelecer um horário específico para o transporte via modal rodoviário, existem alguns trechos em que a circulação de produtos perigosos é proibida, normalmente em áreas mais populosas ou reservas ambientais.
Neste contexto, é fundamental estar atento às restrições para fazer um planejamento de rotas eficiente e optar pelo melhor modal em cada situação.
Quais os documentos necessários para transporte de cargas perigosas?
A movimentação de mercadorias perigosas possui documentos obrigatórios, que devem estar em situação regular para evitar problemas com a fiscalização.
- CTPP ou CIPP (Certificados de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos) originais;
- CIV (Certificado de Inspeção Veicular), no caso de transporte a granel;
- documento fiscal com informações sobre a carga;
- declaração do expedidor.
Em alguns casos, pode ser necessária a apresentação de outros documentos, mas a lista de toda documentação obrigatória é encontrada nas resoluções da ANTT.
Além dos registros da carga, é importante que o motorista esteja com seus documentos pessoais e do veículo em dia, desde CNH, até IPVA e seguro obrigatório.
Quais são os materiais do kit de emergência para transporte de produtos perigosos?
Esses kits de proteção e emergência estão previstos na NBR 9735 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Os materiais descritos devem acompanhar o transporte das cargas perigosas como uma forma de pronto atendimento em casos de acidentes, avarias e outras emergências.
Além do equipamento de proteção pessoal, a norma também indica os itens de sinalização e isolamento da área do incidente.
Os principais equipamentos para proteção individual são:
- Óculos de proteção contra produtos químicos;
- Capacete;
- Colete com faixas refletivas tipo X;
- Luva de material adequado ao produto transportado
- Máscara facial ou semifacial;
- Botas de borracha (galocha);
- Avental, capa ou conjunto calça e blusão de material impermeável.
Esses são os itens básicos que podem variar a depender da natureza e condições da mercadoria transportada.
O mesmo vale para sinalização e isolamento da área, pois cada material vai demandar ações diferentes, portanto consulte as diretrizes da ABNT.
É importante também que a empresa desenvolva procedimentos internos para garantir que os kits adequados estarão presentes em todas as viagens
Qual o CNAE para transporte de cargas perigosas?
O código para transporte de cargas perigosas está presente no CNAE 4930203: Transporte rodoviário de produtos perigosos.
Como funciona o transporte de cargas perigosas no modal marítimo?
O deslocamento de produtos perigosos pelo modal marítimo é regulamentado pela IMO (Organização Marítima Internacional) e tem determinações um pouco diferentes.
Confira a lista dos documentos obrigatórios:
- MSDS (Material Safety Data Sheet, ou Ficha de Dados de Segurança, em português);
- FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico);
- MDGF (Multimodal Dangerous Good Form);
- D.C.A (Dangerous Cargo Application);
- ficha de emergência;
Além disso, as embalagens devem estar devidamente homologadas pela DPC (Diretoria de Portos e Costas), com sinalização adequada indicando a natureza perigosa da mercadoria.
E o transporte aéreo de cargas perigosas?
Para o transporte aéreo, é necessário seguir as regulamentações da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
Assim como acontece no modal marítimo, o transporte aéreo também exige apresentação do MSDS, além da embalagem homologada pelo órgão competente – neste caso, a IATA.
Esse modal é muito utilizado para envios urgentes, com menor prazo de entrega ou de mercadorias perecíveis. Veja alguns exemplos:
- aerossóis;
- baterias;
- vacinas.
Para escolher a melhor opção entre os modais de transporte, é preciso considerar o tipo de carga transportada, prazo de envio, volume da mercadoria e destino de entrega.
A importância da tecnologia em suas operações logísticas
A tecnologia é um caminho para otimizar as operações logísticas, tornando os processos cada vez mais práticos, seguros e eficientes.
Existem diversas questões para se preocupar do planejamento até a entrega do produto ao destino final, e fazer tudo isso manualmente nem sempre é o método mais ágil, além de aumentar as chances de erros.
Pensando nisso, contar com ferramentas de automação tornou-se uma necessidade para as empresas.
TOTVS Roteirização e Entregas
A automação de processos é uma grande aliada na logística da empresa. Neste ponto, contar com um software completo como o TOTVS Roteirização e Entregas faz toda a diferença.
Além de permitir a otimização no gerenciamento de frotas, a ferramenta ainda reduz custos logísticos e te ajuda a escolher os trajetos mais eficientes.
No caso da movimentação de cargas perigosas, é possível encontrar rotas alternativas de maneira prática.
Otimize processos e garanta a segurança no transporte de produtos perigosos com o TOTVS Roteirização e Entregas!
Conclusão
O transporte de cargas perigosas pede planejamento, organização e muito cuidado para manter a segurança dos condutores e garantir que a mercadoria chegue ao destino em boas condições.
Como vimos, existem normas que ajudam a garantir essa segurança, mas é fundamental ficar atento aos cuidados no dia a dia.
Desde o planejamento, considere as especificações de transporte para cada tipo de mercadoria e certifique-se de que os equipamentos de proteção, sinalização e documentação estão corretos.
Para otimizar esses e outros processos, confira esses conteúdos sobre gestão de processos.
Deixe aqui seu comentário