O transporte de alimentos no Brasil é uma atividade que requer muito planejamento e preparação, ainda mais quando se tratam de perecíveis.
A seleção do veículo adequado, bem como atender as medidas de segurança são pontos vitais para o sucesso dessa operação.
Por se tratar de procedimentos cheios de particularidades, preparamos esse conteúdo para ser um guia definitivo quanto à logística de transportar alimentos.
Além da parte prática da acomodação das mercadorias, vamos abordar também como a tecnologia pode ajudar nesse processo delicado. Boa leitura.
Como é feito o transporte de alimentos no Brasil?
O transporte de alimentos no Brasil envolve uma complexa rede logística, que lida com desafios geográficos e a necessidade de manter a qualidade dos produtos, especialmente os perecíveis.
A logística eficiente é fundamental para garantir que os alimentos saiam das áreas rurais, onde são produzidos, e cheguem com segurança aos centros urbanos para distribuição.
O clima tropical exige soluções específicas, como a refrigeração adequada, para preservar os produtos durante o transporte.
Esse sistema, que abrange os diversos tipos de transporte de alimentos, envolve produtores, distribuidores e outros intermediários, que, juntos, viabilizam o processo de transporte.
Como o Brasil possui proporções continentais, o transporte enfrenta obstáculos, principalmente devido à distância entre áreas produtivas e centros de consumo.
Produtos perecíveis, que exigem controle rigoroso de temperatura, são um dos principais desafios, principalmente em regiões de clima quente.
Apesar disso, o agronegócio, um dos pilares da economia nacional, impulsiona o desenvolvimento de soluções logísticas inovadoras e eficientes.
No entanto, ainda há espaço para melhorias, uma vez que o desperdício de alimentos permanece um problema. Investimentos públicos e privados estão em andamento para otimizar esses processos logísticos e reduzir perdas.
Quais são os tipos de transporte de alimentos?
Podemos dividir em dois grandes grupos, que podem apresentar subdivisões, são eles: o transporte de alimentos perecíveis e os não perecíveis.
Há, também, o transporte de alimentos refrigerados e congelados.
Entender quais as características de cada um é fundamental para o planejamento de rotas e de quais veículos utilizar.
Transporte de alimentos perecíveis
Esse é o modelo de transporte mais rigoroso por motivos óbvios: a carga pode estragar rapidamente.
Por isso mesmo, a regulação e fiscalização é criteriosa no transporte de alimentos perecíveis: a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é quem define esses critérios.
De acordo com a entidade, produtos perecíveis são alimentos in natura, produtos preparados para consumo e semi preparados.
Consideram a natureza e/ou composição do alimento e as condições específicas de temperatura e conservação.
Alguns exemplos de produtos alimentícios perecíveis são:
- Congelados;
- Legumes e frutas;
- Ovos e subprodutos;
- Carnes, peixes, aves;
- Frutos-do-mar frescos;
- Leite e seus derivados (margarina, queijos, requeijão etc).
Desses exemplos, alguns vão demandar um subtipo de transporte que é o refrigerado, e falaremos melhor sobre isso em um tópico adiante.
Os itens da legislação tem como objetivo evitar que microorganismos se proliferem sobre os alimentos, então, controlar a temperatura, higiene e tempo máximo da viagem é vital.
Outro ponto é a armazenagem de alimentos com outros materiais que não é permitida caso a substância represente algum risco à integridade da carga alimentícia.
Transporte de alimentos não perecíveis
Os alimentos não perecíveis demandam um pouco menos de cuidados, portanto é um transporte mais simples em comparação com o anterior.
A condição natural dessa mercadoria aguenta transportes longos sem perder as suas propriedades.
Geralmente tratam-se de industrializados com embalagens resistentes e prazos de validade mais longos.
Insumos do dia a dia como arroz, biscoitos, leite em pó e afins, devido a sua consistência seca, podem ser armazenados mais facilmente e não é preciso controle de temperatura.
O cuidado a ter nesse ponto é com relação ao empilhamento máximo que varia de cada alimento e de suas embalagens
Essas informações precisam estar nas caixas e também discriminadas nas documentações.
Os requisitos para esse tipo de transporte são mais relacionados a documentação, já que a carga será fiscalizada ao longo do trajeto.
Vale lembrar que os produtos não perecíveis também tem um prazo de validade, mesmo que mais longos, então fique atento às datas de vencimentos de cada item.
Transporte de alimentos refrigerados e congelados
O transporte de alimentos refrigerados e congelados exige um controle rigoroso de temperatura, pois esses produtos são altamente perecíveis e necessitam de condições específicas para manter a qualidade e segurança.
A refrigeração mantém os alimentos em temperaturas que retardam a proliferação de microrganismos e preservam sua integridade durante o transporte.
Produtos como carnes, peixes, laticínios e congelados devem ser transportados em veículos equipados com sistemas de refrigeração.
O transporte de congelados exige temperaturas ainda mais baixas, geralmente abaixo de -18°C, para manter os alimentos seguros.
Além disso, o monitoramento constante da temperatura é essencial para garantir que as condições sejam mantidas durante todo o trajeto, o que minimiza o risco de deterioração e contaminação dos alimentos.
O que diz a legislação sobre o transporte de alimentos?
Quando falamos em transporte de alimentos, a legislação da Anvisa é a referência principal. Isso se aplica especialmente para os perecíveis, que possuem várias regras específicas para conservação dos alimentos.
A regulação pode ser consultada na Portaria SVS/MS nº 326/1997 e Resolução-RDC Anvisa nº 275/2002.
O destaque dentre as regras fica para o controle de temperatura, higiene e tempo da viagem.
Nosso país tem clima tropical, ou seja, quente e úmido, o que é um deleite para reprodução de microrganismos.
Portanto, esse controle da temperatura interior dos veículos é fundamental para que cargas perecíveis não sejam arruinadas.
As cargas alimentícias também não devem ser transportadas ao lado de componentes químicos que possam contaminar os produtos.
Por fim, é preciso fazer a acomodação correta dos alimentos, com a devida fixação, e o veículo deve ter avisos nas laterais informando o conteúdo transportado.
Qual o CNAE para transporte de alimentos?
Para transporte de alimentos o CNAE específico é o 4930202: Transporte de Carga, exceto produtos perigosos e mudanças, intermunicipal, interestadual e internacional.
Segundo a legislação atual, até MEIs podem exercer esse trabalho e obter esse CNAE.
8 boas práticas para o transporte de alimentos
Seguir o que determina a legislação é um bom começo para que o transporte de alimentos seja bem-sucedido.
No entanto, podemos citar outras boas práticas que vão assegurar a qualidade dos produtos alimentícios durante o traslado.
Considere esses pontos abordados e aplique na sua operação logística na etapa de planejamento para evitar surpresas.
1. Escolha o veículo adequado
Existem vários modelos de veículos para o transporte de produtos alimentícios tanto perecíveis quanto não perecíveis.
Uma frota flexível dá às empresas de transporte maior capacidade de absorver as várias demandas do setor.
Quanto mais adaptado ao tipo de transporte for o caminhão, maiores serão as chances de sucesso do procedimento.
Porém, é importante considerar que esse tipo de caminhão vai demandar manutenções preventivas, pois qualquer mau funcionamento pode comprometer a carga.
Principalmente no caso de produtos que precisam ser refrigerados, é vital investir em veículos de qualidade, com a vedação correta e controle preciso.
Para alguns tipos de mercadorias, a variação de poucos graus na temperatura pode ser muito prejudicial.
Certifique também que o manuseio seja feito com os equipamentos e proteções adequadas.
2. Cuide da documentação da carga
O transporte irá passar por fiscalização ao longo da rota e disso você já sabe.
Portanto, é fundamental estar com as documentações sempre à mão para que o processo seja mais ágil.
Além de notas fiscais, é necessário a apresentação da documentação sobre frete, na qual constam as informações sobre empilhamento máximo e outros detalhes da carga.
3. Siga as recomendações sanitárias
Entenda que para ficar dentro das normas sanitárias é preciso tomar as precauções quanto à integridade da carga.
A má acomodação da mercadoria é um dos principais riscos, por isso organize as cargas no veículo de forma adequada.
Isso quer dizer ter espaço para circulação de ar e vedação adequada para que a temperatura se mantenha amena.
Para produtos refrigerados as especificações vão além, por conta da proliferação bacteriana.
4. Atente-se à data de validade dos produtos
Novamente, produtos não perecíveis podem ter data de validade e isso deve ser claro antes do transporte.
Imagine que determinado produto está com vencimento daqui a dois meses, e até chegar ao ponto de venda vai levar 15 dias em transporte.
Ao chegar no estabelecimento, até que passe pelos procedimentos internos, pode ser que esse produto chegue à prateleira com pouco mais de 1 mês antes do vencimento.
As chances dessa mercadoria ficar parada na prateleira e passar da data de validade são enormes.
Nesse ponto, o controle logístico e de estoque é imprescindível, portanto busque tecnologias para otimizar essa gestão.
5. Verifique as etiquetas dos alimentos
Verifique se os rótulos dos alimentos estão adequados e se informam as condições ideais de armazenamento e validade.
Caso os volumes menores estejam acomodados em caixa, é importante que esta tenha etiquetas que trazem essas informações para fácil visualização.
Isso contribui para que a fiscalização seja mais célere, assim como facilita a organização dos produtos e a roteirização das entregas.
A Anvisa exige uma padronização de como essas informações devem ser dispostas, por isso consulte o regulamento do órgão.
De forma resumida, os rótulos devem estar legíveis, em bom estado e sem manchas.
Quaisquer irregularidades nesse sentido precisam ser corrigidas, do contrário a fiscalização pode barrar tais produtos.
6. Cuidado com o empilhamento das embalagens
Nem todos os alimentos podem ser empilhados de qualquer forma e possuem limites de unidades sobrepostas.
Uma estrutura de caixas pode colapsar após um determinado número, por exemplo, então é importante ter essa informação acessível facilmente.
Essa questão pode gerar um desafio, já que pilhas pequenas acabam deixando um espaço vazio no veículo.
A solução é trabalhar com prateleiras, assim não é necessário exceder o número do empilhamento e otimizar o espaço disponível.
Com base em dados de transportes e informações dos caminhões é possível fazer essa organização já no planejamento.
Dessa forma a acomodação será feita sem que sobrem muitos espaços vazios.
Dê bastante atenção a essa questão, pois embalagens danificadas podem gerar prejuízos para o negócio.
7. Cuidado com a temperatura durante o trajeto
Conforme prometido, vamos falar um pouco mais sobre temperatura, especificamente sobre refrigeração.
Alguns produtos perecíveis precisam de um sistema de refrigeração eficiente para manter a integridade do alimento.
Outros vão além e precisam de congelamento, ou seja, transporte em temperatura ainda mais baixa.
As carnes são um bom exemplo desse tipo de transporte, já que é dos produtos que o Brasil mais produz e exporta.
A Anvisa tem também um guia de temperatura para os tipos de alimentos como veremos abaixo:
- Rapidamente congelados deve ficar abaixo de 18ºC;
- Resfriados ficam abaixo de 10ºC;
- Congelados devem ser transportados abaixo de 8ºC.
Nesse caso os caminhões precisam ser devidamente preparados para tal atividade, sempre com uso de materiais impermeáveis, lisos e laváveis em prol da manutenção da higiene.
8. Faça um bom rastreamento da carga
O rastreamento de cargas alimentícias é cada vez mais importante para garantir a integridade das mercadorias.
Esse acompanhamento em tempo real é o que permite refinar os transportes futuros e até contornar eventuais obstáculos que surjam ao longo do trajeto.
O controle do tempo da entrega também é otimizado com o rastreamento da carga, por isso, é muito indicado para esse tipo de transporte.
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Conclusão
O transporte de alimentos é uma das atividades fundamentais da economia. É basicamente o procedimento que coloca comida na nossa mesa.
Para que esse alimento chegue com qualidade às casas dos brasileiros, vários cuidados são necessários e critérios precisam ser atendidos.
A logística eficiente é primordial, desde os primeiros momentos da cadeia de suprimentos.
Um bom otimizador de rotas facilita esse processo, por isso, vale a pena saber mais sobre o assunto.
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