Laudo ergonômico: o que é, como fazer, quem elabora e mais

A ergonomia é um componente de extrema importância para organizações, pois assegura que o ambiente e as tarefas laborais sejam adaptados às capacidades e limitações dos trabalhadores, a fim de prevenir problemas de saúde e aumentar a produtividade. 

Por isso, ter um laudo ergonômico detalhado é fundamental para identificar possíveis riscos e implementar melhorias, assegurando a conformidade com as normas regulamentadoras e o bem-estar dos funcionários.

A construção desse documento envolve uma análise precisa dos riscos e das condições oferecidas aos trabalhadores, o que envolve avaliação de mobiliário, equipamentos e até atividades.

Saiba mais e entenda como manter sua organização dentro dos limites da conformidade com a legislação que regula questões de ergonomia. 

O que é laudo ergonômico?

O laudo ergonômico é um documento técnico que avalia as condições de trabalho em relação à ergonomia — ou seja, a adaptação do ambiente e das atividades laborais ao bem-estar físico e psicológico dos colaboradores para preservar a saúde ocupacional.  

Avalia se as condições de operação diárias cumprem requisitos de conforto e segurança, pensando, sobretudo, em evitar lesões, fadiga e problemas de longo prazo. 

Esse laudo é elaborado por profissionais especializados e tem como objetivo identificar e analisar fatores que podem influenciar a saúde dos funcionários.

O processo de elaboração de um laudo ergonômico envolve a análise detalhada de diversas áreas, incluindo a organização do espaço de trabalho, postura dos trabalhadores, equipamentos utilizados, condições ambientais (iluminação, temperatura, ruído) e a carga física e mental das tarefas realizadas. 

NR-17 e a ergonomia no local de trabalho

A Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17), estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, é a que trata das condições de ergonomia no ambiente de trabalho. É a base para criação do laudo ergonômico, portanto. 

O objetivo da NR-17 é certificar que as condições de trabalho sejam adequadas às demandas ergonômicas já citadas nos nossos primeiros tópicos. 

A NR-17 estabelece parâmetros e critérios para a avaliação ergonômica do trabalho, recomendando medidas para adaptar as condições laborais às necessidades dos trabalhadores. 

O cumprimento da NR-17 é essencial para prevenir doenças ocupacionais, como lesões por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), além de promover o bem-estar e a produtividade dos funcionários.

Pontos da NR-17

• 17.2 Campo de aplicação: define a abrangência da norma, aplicando-se a todas as atividades que possam impactar a saúde e segurança dos trabalhadores;
• 17.3 Avaliação das situações de trabalho: envolve a análise detalhada das condições de trabalho para identificar riscos ergonômicos e propor melhorias;
• 17.4 Organização do trabalho: foca na distribuição das tarefas e pausas, visando um ambiente laboral mais eficiente e saudável;
• 17.5 Levantamento, transporte e descarga individual de cargas: estabelece critérios para a manipulação segura de cargas, com foco em evitar lesões;
• 17.6 Mobiliário dos postos de trabalho: especifica requisitos para o design de mobiliário que proporcionem conforto e segurança aos trabalhadores;
• 17.7 Trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais: determina normas para o uso seguro de máquinas e ferramentas, minimizando riscos;
• 17.8 Condições de conforto no ambiente de trabalho: trata da adequação de fatores como iluminação, temperatura e ruído para criar um ambiente confortável.

Recentemente, o Serviço Social da Indústria (SESI) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) se uniram para criar um documento que ajuda a explicar a NR-17. Assim, é um guia para facilitar a implementação da norma nas organizações diversas. 

O laudo ergonômico é obrigatório?

O laudo ergonômico é um documento que pode ser obrigatório em determinadas situações, conforme a legislação trabalhista e as exigências da NR-17. Ele deve ser elaborado em casos específicos, como:

• Implementação de novas atividades ou processos: sempre que uma empresa introduz novas atividades ou modifica significativamente os processos existentes, é necessário avaliar as condições ergonômicas para garantir que estejam de acordo com as normas estabelecidas;
• Quando há queixas de trabalhadores: se os trabalhadores relatam problemas de saúde relacionados às condições ergonômicas, a empresa precisa realizar uma avaliação ergonômica e elaborar um laudo para identificar e corrigir os fatores de risco;
• Auditorias e inspeções trabalhistas: durante auditorias e inspeções realizadas por órgãos de fiscalização do trabalho, pode ser exigido o laudo ergonômico para comprovar que a empresa está em conformidade com a NR-17;
• Situações de risco evidentes: em ambientes de trabalho onde há um risco evidente de problemas ergonômicos, como atividades que envolvem movimentos repetitivos, posturas inadequadas ou levantamento de cargas, o laudo ergonômico é indispensável para avaliar e mitigar esses riscos.

Qual a diferença entre laudo ergonômico e AET?

A principal diferença entre o laudo ergonômico e a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) está no propósito e na abrangência de cada documento. 

O laudo ergonômico é um documento técnico que avalia e descreve as condições ergonômicas de um determinado ambiente de trabalho, apontando eventuais problemas e propondo melhorias. Ou seja, formaliza as ações e estratégias. 

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET), por outro lado, é um estudo mais abrangente e detalhado das condições de trabalho, incluindo o que já falamos: a análise dos postos de trabalho, equipamentos, mobiliário, organização do trabalho, condições ambientais e aspectos psicossociais. 

A AET segue as diretrizes estabelecidas pela NR-17 e tem como objetivo identificar todos os fatores de risco ergonômico, propor intervenções e acompanhar a implementação dessas melhorias. 

Enquanto o laudo ergonômico pode ser um componente da AET, a AET é um processo contínuo e mais aprofundado de avaliação e intervenção ergonômica.

Como fazer um laudo ergonômico?

A elaboração de um laudo ergonômico envolve várias etapas que devem ser seguidas para garantir uma avaliação completa e precisa das condições de trabalho. Aqui estão os passos principais:

• Coleta de dados: reunir informações sobre os postos de trabalho, tarefas realizadas, equipamentos utilizados e as condições ambientais. Aqui vale citar entrevistas com os trabalhadores, observações diretas e a revisão de documentos relevantes;
• Análise das condições de trabalho: avaliar as condições ergonômicas atuais, identificando fatores de risco como posturas inadequadas, movimentos repetitivos, esforço físico excessivo, iluminação inadequada, entre outros;
• Identificação de problemas: listar os problemas ergonômicos encontrados e analisar como eles podem impactar a saúde e a segurança dos trabalhadores;
• Propostas de melhoria: elaborar recomendações específicas para corrigir os problemas ergonômicos identificados, que podem incluir ajustes no mobiliário, reorganização das tarefas, implementação de pausas regulares, entre outras medidas;
• Documentação: redigir o laudo ergonômico com todas as informações coletadas, análises realizadas e propostas de melhoria, garantindo que o documento seja claro, detalhado e de fácil entendimento;
• Revisão e aprovação: revisar o laudo com a equipe de segurança do trabalho e outras partes interessadas, fazendo ajustes conforme necessário, e obter a aprovação final antes da implementação das recomendações.

O que deve conter no laudo ergonômico?

O laudo ergonômico deve conter as seguintes informações:

• Introdução: apresentação do objetivo do laudo e a metodologia utilizada para a avaliação;
• Descrição do ambiente de trabalho: informações detalhadas sobre os postos de trabalho, tarefas realizadas e os equipamentos utilizados;
• Análise das condições de trabalho: avaliação dos fatores ergonômicos, com identificação de problemas e riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores;
• Recomendações: propostas de otimização para resolver os problemas ergonômicos identificados, com sugestões específicas e práticas;
• Conclusão: resumo das principais observações e recomendações, destacando a importância da implementação das melhorias propostas;
• Anexos: documentos adicionais, como fotos, diagramas, tabelas de dados e entrevistas, que suportem as análises e recomendações do laudo.

Quem é responsável por elaborar o documento?

A responsabilidade pela elaboração do laudo ergonômico geralmente recai sobre profissionais qualificados na área de segurança do trabalho e ergonomia. Esses profissionais podem incluir:

• Engenheiros de Segurança do Trabalho;
• Ergonomistas;
• Técnicos em Segurança do Trabalho;
• Médicos do Trabalho.

A escolha do profissional adequado depende das necessidades específicas da empresa e da complexidade das condições de trabalho a serem avaliadas. A colaboração entre diferentes especialistas é necessária para uma avaliação abrangente e precisa. 

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